sexta-feira, 4 de outubro de 2013

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã



O título não é nada original. Mas estou pegando emprestado de Renato Russo, como muitos outros já fizeram, pois acho que irá cair bem no post de hoje.

Esse post começou despretensioso e venho escrevendo durante alguns dias. Eu queria escrever tudo que estava sentindo e vivendo no último ano, e hoje pela manhã escutei na rádio a música “Pais e Filhos” e achei que o título iria se encaixar.

É impressionante como sua vida pode mudar tanto em um ano.

Posso dizer que, 2012, em especial essa época de Setembro e Outubro, foi horrível. Quando tudo caminhava bem e parecida ter um rumo traçado para os próximos kms, veio o terremoto e acabou com a estrada à frente.

Estava ali, de novo, enfrentando algo que jamais alguém deveria ser obrigado a enfrentar, ainda mais em uma idade tão precoce. Penso na idade e lembro-me de meus irmãos, que são mais novos do que eu e então – de certa forma – agradeço por ter tido um pouco mais de tempo.

Voltei a fazer as perguntas que pareciam tê-las respondidas tempos atrás, precisamente havia as feito em Maio de 2008. E tudo volta à tona, como um caminhão de areia que cai sob sua cabeça, sufocando e impedindo que você tome qualquer ação.

O telefone tocou no dia 5 de Outubro de 2012, era meia noite e poucos minutos. Era meu irmão, Otávio, e eu já sabia o que ele iria me falar.

“Ligaram do hospital e falaram para ir urgente para lá”, disse ele.
“Você já sabe o que eles irão dizer… Vai você na frente que mora mais perto e eu vou assim que receber seu telefonema.”, respondi com o coração arrasado.

Pouco menos de 10 minutos depois recebo outra ligação. E confirmava-se aquilo que não queria vivenciar de novo, muito menos agora em tanto pouco tempo entre 2008 e 2012.

Lembro-me muito bem de me despedir dos meus pais. Quando foi a minha mãe, estava no hospital com meu irmão Caio e disse “Mãe, você está melhor hoje. Amanhã não venho pois preciso descansar, já faz mais de 15 dias que não consigo descansar direito, mas depois de amanhã venho te visitar de novo e você estará melhor ainda. Eu te amo.”. Ela estava calma e tranqüila. Mas não teve amanhã.

Com meu pai não foi diferente. Cheguei ao hospital e ele falava ao telefone com meu irmão Caio. Foi até curioso ver com que calma ele falava ao Caio que iria melhorar e que nada deveria se preocupar. Todos ao redor estavam aflitos, mas ele estava confiante que o quadro iria melhorar. Ficamos todos no hospital aguardando ele ser transferido para a UTI. Foi quando me despedi, também não querendo acreditar que o pior pudesse acontecer “Pai, aguenta essa noite. Amanhã cedo estou aqui no horário de visita para ficar com você. Amo você.”. Essa visita nunca pôde fazer.

Amanhã faz um ano que tudo aconteceu.

São tantas peças para organizar, são tantos pedaços que foram perdidos. Não é fácil se recompor. E ainda continuo me recompondo. Só que esses pedaços nunca mais estarão presentes no conjunto do quebra-cabeça de minha vida.

Mesmo com todas essas avalanches a vida me ensinou uma coisa: não é impossível se recompor e recuperar.

Lição essa que poderia ter aprendido de outra maneira…


Então, como intitulei esse post e disse Renato Russo “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”. Pai e Mãe: amo vocês! Saudades eternas…


Do seu filho, Fábio.


Até o próximo post!